quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Eles não sabem o significado da palavra Fiel.

Fonte: Ig esportes

Os institutos de pesquisa apontam o Flamengo como clube de maior torcida do Brasil. Mas, nas estatísticas da CBF para o Campeonato Brasileiro de 2010, o Corinthians, adversário dos cariocas nesta quarta-feira, inverteu a balança. O fato pode ser facilmente explicado pelos atrativos que o Flamengo perdeu, como Bruno, Adriano e Vágner Love. E pelos que o Corinthians manteve, como Ronaldo, Roberto Carlos e a luta pelo título. Difícil, porém, é esclarecer a disparidade nas arrecadações.

Em 2009, por exemplo, o Corinthians, em sexto lugar no ranking de média de público, ficou perto de igualar a arrecadação total do Flamengo, campeão nacional e mandando suas partidas no Maracanã, que tem o dobro da capacidade do Pacaembu. Com quase a metade de público total - 384.043 torcedores do Corinthians, 760.677 do Flamengo -, a equipe paulista arrecadou só R$ 2 milhões a menos que os cariocas, que somaram R$ 14,5 milhões.

A comparação com 2010 ilustra a diferença. Sem brigar pela taça, assim como o Corinthians em 2009, o Flamengo arrecadou neste ano menos do que a metade dos corintianos: R$ 6,3 milhões, contra R$ 13,8 milhões do clube paulista.

Os números que dão essa vantagem passam principalmente pelo valor dos ingressos cobrados no Rio de Janeiro e em São Paulo, pela campanha dos times no torneio e também pelo número de meias-entradas que na média são vendidas por jogo de cada clube como mandante neste Brasileiro.

O Corinthians já recebeu 428.780 espectadores em 16 rodadas como mandante, liderando a lista. O Flamengo, com 282.191 espectadores, é o sexto colocado, mas em 15 rodadas como mandante. Ceará, Fluminense, Botafogo e Grêmio estão entre os dois adversários desta quarta-feira. A média de torcedores corintianos por jogo é de 26 mil, enquanto a de flamenguistas em jogos no Rio é de 18 mil.


Pacaembu lotado: na briga pelo título, Corinthians aumentou arrecadação em 2010

Ingressos mais caros favorecem paulistas
A boa campanha do Corinthians, que por um turno inteiro não perdeu pontos no Pacaembu, favorece a procura por ingressos, mesmo que alguns setores do estádio sejam bem mais caros do que a média em outras arenas. Enquanto no Engenhão o Flamengo cobra ingressos entre R$ 30 e R$ 60, no Pacaembu a entrada mais cara chega a R$ 180. A arquibancada, contudo, custa o mesmo em ambas as praças.

O Corinthians lidera o ranking entre os 20 clubes da Série A em arrecadação. O Flamengo é o terceiro, atrás do Fluminense. Em 2010, o time paulista arrecada em média mais que o dobro do Flamengo: R$ 866 mil por jogo contra R$ 423 mil. Já em 2009, a renda média do Flamengo foi de R$ 766 mil por jogo. A do Corinthians, segundo clube que mais arrecadou no ano passado, foi de R$ 658 mil.

Meia-entrada, o pesadelo do clube carioca
Não bastasse o preço dos bilhetes, há um ponto que faz toda a diferença a favor dos paulistas. “O que causa muito impacto na renda é o número de meias-entradas. Me parece que no Rio é bem maior do que em São Paulo”, diz Harrison Baptista, diretor-executivo de marketing do Flamengo.

E é mesmo. De acordo com os borderôs dos últimos clássicos no Rio e em São Paulo, entre Vasco e Flamengo e entre Corinthians e Palmeiras, no Engenhão houve mais torcedores que pagaram metade do valor do ingresso do que os que pagaram pelo valor integral da entrada. Exatamente o oposto do que aconteceu no Pacaembu.

No clássico carioca, que teve o Vasco como mandante, 9.098 torcedores entraram no Engenhão depois de pagar pela entrada inteira e 12.421 pagaram a metade do valor em diferentes setores. Já no Pacaembu, dos 22.162 torcedores que compraram os ingressos nas bilheterias, 13.165 adquiriram a entrada inteira e 8.997 pagaram meia-entrada.

Enquanto no Pacaembu a renda bruta foi de R$ 1.085.883,50, no Engenhão o montante foi de R$ 575.820,00. Como é de praxe em alguns clássicos, a renda líquida foi dividida nos dois jogos. Em São Paulo, excluídas as despesas, Corinthians e Palmeiras dividiram igualmente R$ 693.411,94, rendendo R$ 346.705,97 para cada clube. No Rio, a receita líquida foi de R$ 278.041,16, o que rendeu R$ 139.020,58 para Flamengo e Vasco. A curiosidade, no entanto, é que o Vasco, mesmo sendo o mandante, não recebeu um centavo devido a três penhoras nos valores de R$ 27.804,12; R$ 41.706,17 e R$ 69.510,29. O Flamengo saiu com R$ 104.265,44.

Corinthians aposta em fidelização
Além das meias-entradas, com o programa Fiel Torcedor, no qual corintianos pagam uma mensalidade para ter preferência na compra de ingressos, o clube paulista vendeu outros 10.221 bilhetes com abatimento aos associados.

Os descontos não chegam a ser de 50%, como no caso da meia-entrada, e até por isso o prejuízo ao clube não é tão grande como no caso do Flamengo. No clássico contra o Palmeiras, o Fiel Torcedor que comprou ingresso para a arquibancada, por exemplo, ao invés de pagar os R$ 30 da inteira, pagou R$ 19, R$ 4 a mais que a meia-entrada.

Ao todo, foram 7.521 torcedores que usaram o cartão de fidelidade para assistir ao jogo da arquibancada. Numa conta simples, esses R$ 4 na diferença entre a meia-entrada e o valor pago pelo Fiel Torcedor rendem R$ 30 mil a mais para o clube. Sem contar as taxas anuais pagas pelos torcedores para aderir ao programa, que variam de R$100 a R$1.200.

No Pacaembu, o Corinthians paga R$ 50 mil de aluguel para jogos de dia e R$ 62,5 mil para as partidas noturnas, ou seja, a quantia que o clube arrecada com o programa ajuda a abater essas despesas.

Fla quer acostumar torcida ao Engenhão
No Flamengo, a meta é fazer o torcedor se acostumar ao Engenhão para poder voltar a ter rendas satisfatórias. “A questão mais importante agora é criar o hábito do torcedor de ir ao Engenhão. É complicado. Estamos fazendo um espaço do Flamengo em todos os jogos atrás da arquibancada, com loja, música, mascotes, uma área de entretenimento... E a loja está vendendo bem”, afirma Baptista.

O próximo passo do Flamengo é cadastrar seus torcedores, segundo Batista. “Está entrando agora a área de cadastramento do torcedor com brindes. Para o ano que vem, poderemos vender alguns camarotes, mas antes a gente precisa fazer o torcedor aprender o caminho do Engenhão”.

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